Ó mistério da misericórdia divina, ó Deus de piedade, por Vos
terdes dignado abandonar o trono do céu e rebaixar-Vos à nossa miséria, à
fraqueza humana, porque não são os anjos, mas os homens que necessitam de
misericórdia. [Diário de Santa Faustina nº 1746]. Jesus eu confio em Vós!
A TRÊS MESES FOI ABERTO O ANO EXTRAORDINÁRIO DA MISERICÓRDIA.
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Misericordiae Vultus - PAPA FRANCISCO
UM POUCO DA BULA DE PROCLAMAÇÃO
DO JUBILEU EXTRAORDINÁRIO DA MISERICÓRDIA:
DO JUBILEU EXTRAORDINÁRIO DA MISERICÓRDIA:
« É próprio
de Deus usar de misericórdia e, nisto, se manifesta de modo especial a sua omnipotência
». Estas palavras de São Tomás de Aquino mostram como a misericórdia divina
não seja, de modo algum, um sinal de fraqueza, mas antes a qualidade da
omnipotência de Deus. É por isso que a liturgia, numa das suas coletas mais
antigas, convida a rezar assim: « Senhor, que dais a maior prova do vosso poder
quando perdoais e Vos compadeceis…» Deus permanecerá para sempre na história
da humanidade como Aquele que está presente, Aquele que é próximo, providente,
santo e misericordioso.
« Paciente e
misericordioso » é o binômio que aparece, frequentemente, no Antigo Testamento
para descrever a natureza de Deus. O fato de Ele ser misericordioso encontra
um reflexo concreto em muitas ações da história da salvação, onde a sua
bondade prevalece sobre o castigo e a destruição. Os Salmos, em particular,
fazem sobressair esta grandeza do agir divino: « É Ele quem perdoa as tuas
culpas e cura todas as tuas enfermidades. É Ele quem resgata a tua vida do
túmulo e te enche de graça e ternura » (103/102, 3-4). E outro Salmo atesta, de
forma ainda mais explícita, os sinais concretos da misericórdia: « O Senhor
liberta os prisioneiros. O Senhor dá vista aos cegos, o Senhor levanta os
abatidos, o Senhor ama o homem justo. O Senhor protege os que vivem em terra
estranha e ampara o órfão e a viúva, mas entrava o caminho aos pecadores »
(146/145, 7-9). E, para terminar, aqui estão outras expressões do Salmista: «
[O Senhor] cura os de coração atribulado e trata-lhes as feridas. (...) O
Senhor ampara os humildes, mas abate os malfeitores até ao chão » (147/146,
3.6). Em suma, a misericórdia de Deus não é uma ideia abstrata mas uma
realidade concreta, pela qual Ele revela o seu amor como o de um pai e de uma
mãe que se comovem pelo próprio filho até ao mais íntimo das suas vísceras. É
verdadeiramente caso para dizer que se trata de um amor « visceral ». Provém do
íntimo como um sentimento profundo, natural, feito de ternura e compaixão, de
indulgência e perdão.
« Eterna é
a sua misericórdia »: tal é o refrão que aparece em cada versículo do Salmo
136, ao mesmo tempo que se narra a história da revelação de Deus. Em virtude da
misericórdia, todos os acontecimentos do Antigo Testamento aparecem cheios dum
valor salvífico profundo. A misericórdia torna a história de Deus com Israel
uma história da salvação. O fato de repetir continuamente « eterna é a sua
misericórdia », como faz o Salmo, parece querer romper o círculo do espaço e do
tempo para inserir tudo no mistério eterno do amor. É como se quisesse dizer
que o homem, não só na história mas também pela eternidade, estará sempre sob o
olhar misericordioso do Pai. Não é por acaso que o povo de Israel tenha querido
inserir este Salmo – o « grande hallel », como lhe chamam – nas festas
litúrgicas mais importantes.
Antes da
Paixão, Jesus rezou ao Pai com este Salmo da misericórdia. Assim o atesta o
evangelista Mateus quando afirma que « depois de cantarem os salmos » (26, 30),
Jesus e os discípulos saíram para o Monte das Oliveiras. Enquanto instituía a
Eucaristia, como memorial perpétuo d’Ele e da sua Páscoa, Jesus colocava
simbolicamente este ato supremo da Revelação sob a luz da misericórdia. No
mesmo horizonte da misericórdia, viveu Ele a sua paixão e morte, ciente do
grande mistério de amor que se realizaria na cruz. O fato de saber que o
próprio Jesus rezou com este Salmo torna-o, para nós cristãos, ainda mais
importante e compromete-nos a assumir o refrão na nossa oração de louvor
diária: « eterna é a sua misericórdia ».
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