Ó
Sangue e Água que então jorrastes do Coração de Jesus como fonte de
misericórdia para nós, eu confio em Vós! [Diário de Santa Faustina 309]. Jesus eu confio em Vós!
Do Tratado sobre o Evangelho de São João, de Santo Agostinho,
bispo
(Tract. 84,1-2:CCL36,536-538)(Séc.V)
A plenitude do amor
Irmãos caríssimos, o Senhor definiu a plenitude do amor com que
devemos amar-nos uns aos outros, quando disse: Ninguém tem amor maior do que
aquele que dá sua vida pelos amigos (Jo 15,13). Daqui se conclui o que o mesmo
evangelista João diz em sua epístola: Jesus deu a sua vida por nós. Portanto,
também nós devemos dar a vida pelos irmãos (1Jo 3,16), amando-nos
verdadeiramente uns aos outros, como ele nos amou até dar a sua vida por nós.
É certamente a mesma coisa que se lê nos Provérbios de Salomão:
Quando te sentares à mesa de um poderoso, olha com atenção o que te é
oferecido; e estende a tua mão, sabendo que também deves preparar coisas
semelhantes (cf. Pr 23,1-2 Vulg.).
Ora, a mesa do poderoso é a mesa em que se recebe o corpo e o
sangue daquele que deu a sua vida por nós. Sentar-se à mesa significa
aproximar-se com humildade. Olhar com atenção o que é oferecido, é tomar
consciência da grandeza desta graça. E estender a mão sabendo que também se
devem preparar coisas semelhantes, significa o que já disse antes: assim como
Cristo deu a sua vida por nós, também devemos dar a nossa vida pelos irmãos. É
o que diz o apóstolo Pedro: Cristo sofreu por nós, deixando-nos um exemplo, a
fim de que sigamos os seus passos (cf. 1Pd 2,21). Isto significa preparar
coisas semelhantes. Foi o que fizeram, com ardente amor, os santos mártires. Se
não quisermos celebrar inutilmente as suas memórias e nos sentarmos sem
proveito à mesa do Senhor, no banquete onde eles se saciaram, é preciso que, como
eles, preparemos coisas semelhantes.
Por isso, quando nos aproximamos da mesa do Senhor, não
recordamos os mártires do mesmo modo como aos outros que dormem o sono da paz,
ou seja, não rezamos por eles, mas antes pedimos para que rezem por nós, a fim
de seguirmos os seus passos. Pois já alcançaram a plenitude daquele amor acima
do qual não pode haver outro maior, conforme disse o Senhor. Eles apresentaram
a seus irmãos o mesmo que por sua vez receberam da mesa do Senhor.
Não queremos dizer com isso que possamos nos igualar a Cristo
Senhor, mesmo que, por sua causa, soframos o martírio até o derramamento de
sangue. Ele teve o poder de dar a sua vida e depois retomá-la; nós, pelo
contrário, não vivemos quanto queremos, e morremos mesmo contra a nossa vontade.
Ele, morrendo, matou em si a morte; nós, por sua morte, somos libertados da
morte. A sua carne não sofreu a corrupção; a nossa, só depois de passar pela
corrupção, será por ele revestida de incorruptibilidade, no fim do mundo. Ele
não precisou de nós para nos salvar; entretanto, sem ele nós não podemos fazer
nada. Ele se apresentou a nós como a videira para os ramos; nós não podemos ter
a vida se nos separarmos dele.
Finalmente, ainda que os irmãos morram pelos irmãos, nenhum
mártir derramou o seu sangue pela remissão dos pecados de seus irmãos, como ele
fez por nós. Isto, porém, não para que o imitássemos, mas como um motivo para
agradecermos. Portanto, na medida em que os mártires derramaram seu sangue
pelos irmãos, prepararam o mesmo que tinham recebido da mesa do Senhor.
Amemo-nos também a nós uns aos outros, como Cristo nos amou e se entregou por
nós.
Responsório 1Jo 4,9.11.10b
R. Foi nisto que a nós se mostrou o amor que Deus Pai tem por nós: enviou-nos seu Filho Unigênito para que nós vivamos por ele.
* Se Deus nos amou deste modo, também nós nos devemos amar.
V. Deus nos amou , por primeiro, e enviou-nos seu Filho Unigênito, como vítima por nossos pecados.
* Se Deus.
Oração: Ó Deus, que fizestes vosso Filho padecer o suplício da cruz para
arrancar-nos à escravidão do pecado, concedei aos vossos servos e servas, a
graça da ressurreição. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade
do Espírito Santo.
Conclusão da Hora
V. Bendigamos ao Senhor.
R. Graças a Deus.
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