Jesus, só Vós sabeis como a alma geme nesses
suplícios, envolvida pelas trevas, e, no entanto, deseja a Deus e anseia por
Ele como os lábios ressequidos anseiam pela água. Ela morre e resseca, morre de
uma morte sem morte, isto é, não pode morrer. Os seus esforços nada significam;
encontra-se já em poder do Deus Justo e Três Vezes Santo. - Rejeitada pelos
séculos. - Esse é o momento culminante e somente Deus pode provar a alma dessa
maneira, porque somente Ele sabe o que ela pode suportar. Quando a alma fica
toda impregnada desse fogo infernal, precipita-se como que no desespero. A
minha alma passou por esse momento quando me encontrava sozinha na cela. Quando
a minha alma começou a mergulhar no desespero, senti que começava a agonizar ;
contudo, agarrei o crucifixo e apertei-o firmemente nas minha mãos. Era como
que meu corpo se separasse da alma e, embora quisesse ir falar com as
Superioras, já não tinha forças físicas; pronunciei as últimas palavras:
¨Confio na Vossa Misericórdia¨- e pareceu-me que havia levado Deus a uma cólera
ainda maior. Mergulhei no desespero; só de vez em quando escapava da minha alma
um gemido doloroso, um gemido inconsolável. Estava agonizando. E parecia-me que
já ficaria nesse estado, porque com minhas próprias forças não sairia dele.
Cada lembrança de Deus era um mar de sofrimentos indescritíveis. E, no entanto,
há alguma coisa na alma que busca a Deus com insistência, mas parece que é
apenas para ela sofrer mais. A recordação do antigo amor, com que Deus a
cercava, era para ela um novo gênero de tormento. O olhar de Deus a atravessa e
tudo é queimado na alma por esse olhar. [Diário de Santa Faustina nº 101]. Jesus eu confio em Vós!
16° DIA
A Ganância
S. Maximiliano Maria Kolbe queria fazer amada a Imaculada por todos os
homens, pois isso era felicidade aos infelizes que procuram felicidade nas
"alegrias" do mundo. A fonte infinita da verdadeira felicidade é
Deus. Ele se doou a nós em Cristo. Jesus se doou a nós na Imaculada e através
dela. Pela Imaculada começa o caminho de felicidade que leva à fonte infinita:
ao amor Trinitário. “Amai a Imaculada e Ela vos fará felizes” era o anúncio de
S. Maximiliano. Procurar a felicidade nas alegrias deste mundo é ilusório,
porque as alegrias terrenas não trazem nem provocam amor, mas ganância que é o
envenenamento do amor, como ensina S. Tomás de Aquino. Por isto o abade S.
Antão distribuiu todos os seus bens aos pobres e foi procurar a felicidade no
deserto. Já antes, S. Paulo tinha esculpido em uma frase terrível a realidade
da ganância dos bens terrenos no homem: "A ganância é a raiz de todos os
males" (I Tm 6,10) S. Bernardo afirma: "Não conheço uma doença
espiritual mais dura de suportar quanto a febre dos bens terrenos." O que
pode curar esta febre é somente uma outra febre: a do amor Divino. Uma
postulante pediu, certa vez, para entrar entre as filhas de S. Joana Francisca
de Chantal, trazendo consigo coisas inúteis. A Santa aconselhou-se com S.
Francisco de Sales que lhe orientou deixá-la entrar com aquilo que quiser.
"Quando o amor de Deus entrar na sua alma, saberá mandar embora o
resto." À medida da nossa separação das coisas terrenas é a mesma do amor
de Deus, porque como diz Santo Agostinho: "Mais uma alma se separa dos
bens da Terra, mais adere a Deus".
Não amai o mundo
Em uma carta escrita a um companheiro de escola, S. Gabriel de Nossa
Senhora das Dores, depois de tê-lo posto em guarda contra os perigos fatais e
sedutores das más companhias, dos espetáculos e divertimentos mundanos,
concluiu assim: "Dize-me, Felipe: eu poderia receber mais divertimentos do
que os que provei no século? Bem, o que sobra? Confesso: nada além da
amargura!" Eis o que reserva ao homem a experiência dos bens e dos
prazeres terrenos: nada mais que amargura. Por isto o apóstolo S. João nos
adverte com força: "Não amai o mundo nem as coisas dele. Se uma pessoa ama
o mundo, o amor do Pai não está com ela, porque tudo o que está no mundo, a
concupiscência da carne, os olhos e a soberba da vida, não veem do Pai, mas do
mundo. E o mundo passa com sua concupiscência, mas quem faz a vontade de Deus
fica eterno"!(I JO 1,15-17). Quem se entrega ao mundo e às suas
concupiscências, quem vive de frivolidades, o que poderá esperar de Deus? S.
Tomás Moro, 1º Ministro da Inglaterra, entrou no quarto da filha e achou-a
preparando-se para uma festa. Para modelar o busto, duas damas a apertavam com
cordas. Ao ver aquele martírio suportado pela vaidade mundana, o pai olhou para
o céu e num suspiro, disse à filha: "Filha, o Senhor teria razão se te
mandasse para o inferno, já que te esforças tanto para lá ires te danar".
Inimigo de Deus
Quantas vezes para satisfazer a própria ganância recorre-se a injustiças
e abusos, não se chega a brigas e lutas? Por um pedaço de terra, por uma
herança, um lucro, travam-se lutas amargas e violentas. S. Tiago grita:
"De onde vieram as guerras e brigas que estão em vosso meio? Não chegam
das paixões que combatem vossos membros? Desejais e não conseguis possuir, e
matais; invejais e não conseguis obter; fazeis guerra! Não tendes porque não
pedis; pedis e não obtendes porque pedis mal, para gastar com vossos prazeres.
Gente infiel! Não sabeis que amar o mundo é odiar a Deus? Quem então quer ser
amigo do mundo, torna-se inimigo de Deus". (Tg 4,1-4) Duras palavras! Por isso
os santos, como S. Paulo, consideram cada bem terreno como perda, lixo, pois
ganhar é encontrar-se em Jesus (cf. Fl 3,8-9). Lembremos de S. Francisco de
Assis, apenas convertido, deu-se conta e chamou loucura ir atrás das coisas vãs
deste mundo. Em sua total pobreza, viu-se totalmente transfigurado em Jesus
Crucificado. Uma vez, um filho espiritual de S. Felipe Néri comunicou-lhe,
moribundo, que lhe deixava a herança, por testamento. S. Felipe não só não
exultou esta oferta, mas mostrou-se aflito pela doação e lhe disse que teria
muito rezado pela sua cura, oferecendo até a própria vida. Impôs-lhe as mãos e
partiu. O enfermo se curou e o testamento foi queimado. Uma só ganância tinham
os santos: Desejavam ardentemente morrer e estarem em Cristo (São Paulo), Deus
era-lhes Deus e Senhor, o tudo! (São Francisco de Assis) e a ideia fica na
Imaculada (São Maximiliano Maria Kolbe).
Votos
- Fazer esmola aos pobres de qualquer bem não necessário.
- Meditar: I Jo 2,15-17 e Tg 4, 1-4.
- Pedir a Nossa Senhora, com o Rosário, a separação do coração do mundo.
Meditação do livro "Um mês com Maria", do padre Stefano Maria
Manelli, um franciscano da Imaculada, nascido em 1933.
Amados Leitores, no próximo dia 22, celebraremos Santa Rita de Cássia, a Santa dos casos impossíveis, hoje é o 4º dia da novena. Segue link: http://formacao.cancaonova.com/espiritualidade/devocao/novena/reze-a-novena-a-santa-rita-de-cassia/
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