Após esses sofrimentos, a alma esta em grande pureza de espírito e muita
próxima de Deus. Devo, porém, observar que, nesses tormentos espirituais,
embora se encontre perto de Deus, ela está cega. O olhar da alma é envolvido pelas trevas,
apesar de Deus estar bem mais próximo de uma alma tão sofredora. Todo o Deus
estar bem mais próximo de uma alma tão sofredora. Todo o segredo consiste em
que ela de nada sabe. Ela afirma não somente ter sido abandonada por Deus, mas
ter-se tornado objeto do seu ódio. Que grande doença dos olhos da alma que,
atingida pela luz divina, afirma que esta luz não existe. E, no entanto, ela é
tão forte que a cega. Todavia, conheci mais tarde que Deus está mais perto da
alma nesses momentos do que em outras ocasiões, porque, com a simples ajuda da
graça ela não suportaria tais provações. Atuam aqui a onipotência de Deus e a
graça extraordinária, porque de outra forma a alma sucumbiria ao primeiro
golpe. [Diário de Santa Faustina nº 109]. Jesus eu confio em Vós!
24° DIA
A Penitência
Porque somos pecadores e continuamos a pecar, por isso é necessária a
reparação para pagar as culpas. É Justiça: repara-se o mal feito. "Todo
pecado, grande ou pequeno, não pode ficar impune; ou é punido pelo homem que
faz Penitência ou no último Juízo pelo Senhor". (S. Agostinho). Podemos
aqui lembrar alguns grandes pecadores convertidos e que ficaram santos: S.
Maria Madalena, S. Agostinho, S. Margarida de Cortona, S. Inácio de Loyola, S.
Camilo de Lélis... Eles nos demonstraram que com a Penitência repara-se e
recupera-se tudo, até a santidade mais alta e dão razão a S. Cipriano que
exclama: "Ó penitência! Tudo o que estava amarrado, o desamarraste, o que
estava fechado, o abriste". A penitência livra das correntes das dívidas
contraías pelos pecados e abre as arcas das graças mais eleitas.
Penitência e Amor.
Quando S. Domingos Sávio estava gravemente doente, foi um dia submetido
a uma sangria. Antes de iniciar, o médico disse-lhe: "Olha para o outro
lado, Domingos, assim não verás escorrer o teu Sangue". "Ah, não -
respondeu - furaram as mãos e os pés de Jesus com grandes pregos sobre a Cruz e
Ele não disse nada..." Domingos sofreu sem um gemido os dez pequenos
cortes que lhe fizeram. Eis a lei do amor: quando se ama de verdade uma pessoa,
se quer com ela condividir todos os sofrimentos. Não se pode renunciar! Quem
ama Jesus e conhece sua vida de humildade e sacrifício, culminada na cruel
Crucificação e Morte, não pode deixar de desejar a participação em toda aquela
dor desejada pelo amor. A intensidade desta participação às vezes manifestou-se
até de modo prodigioso e sangrento. São Gabriel de Nossa Senhora das Dores dizia que o seu Paraíso
eram as dores de Maria. S. Maximiliano chamava "balinhas de caramelo"
as cruzes e as tribulações. Pe. Pio dizia que suas tremendas dores eram
"as alegriazinhas do esposo". Assim raciocina quem ama.
Fazer o próprio dever.
A primeira e mais importante Penitência do cristão é aquela de cumprir
fielmente e perfeitamente os próprios deveres cotidianos. Fazer outras
penitências omitindo estas significa fazer o secundário, ignorando o principal.
Em 1º lugar, lembremo-nos bem: 1º o cumprimento dos deveres. Se é assim a
substância da nossa vida de penitência é segura. S. José Cafasso conduzia uma
vida de Penitência escondida aos olhos dos demais. Dos depoimentos do processo
de beatificação, sabemos que a mulher que lavava a roupa manchada de sangue,
tinha-se dado conta disso. "Por que as camisas estão sempre sujas de
sangue? - perguntou - O senhor tem algum ferimento?" O santo quis ficar
calado, mas respondeu bruscamente: "Vós sois como uma mãe, por isso, vos
direi tudo, mas não o deveis contar a ninguém. Deveis saber que nós, padres,
usamos uma cintura com pontas chamado cilício. Eis porque achais as
manchas." "Mas deve doer muito, meu pobre filho"! Exclamou a
mulher. "Sim, dói, mas precisamos descontar nossos pecados, não?" "O
que está dizendo? - retrucou - Se o senhor precisa fazer penitência, o que
devemos fazer?" "Vós trabalhais duro - respondeu o santo - e
trabalhar o dia todo já é uma bela penitência".
Penitência pelos pecadores
O lamento de Nossa Senhora de Fátima deveria nos comover: "Muitas
almas vão para o Inferno porque não tem quem se sacrifique por elas."
Jacinta, a florzinha de Maria, foi a quem maiormente tocaram aquelas palavras
da Bela Senhora. Ela quis ser vítima inocente e sofrer pelos pecadores foi sua
paixão dolorosa até a morte. Atingida pela gripe espanhola e por uma pneumonia
purulenta, com infecção progressiva, transportada ao Hospital, longe de casa,
submetida a uma operação para a remoção de suas costelas, sem anestesia. Pobre
menina! Mas foi heroicamente corajosa e não perdeu nenhuma ocasião de
sacrifício pelos pecadores: cama, dores ardentes... O seu Celeste conforto era
a assistência materna de Nossa Senhora. Morreu consumada pela febre e pelas
dores, sozinha sobre o Coração da Imaculada, vinda do céu para apanhar a
inocente vítima pelos pecadores. Que exemplo de heróica penitência.
Votos
- Meditar a paixão e morte de Jesus (Mt 26 e 27);
- Oferecer todos os sacrifícios a Nossa Senhora das Dores;
- Recitar os mistérios dolorosos do Rosário.
Meditação do livro "Um mês com Maria", do padre Stefano Maria
Manelli, um franciscano da Imaculada, nascido em 1933.
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