Após algum tempo uma das Irmãs entrou na cela e me encontrou quase
morta. Assustou-se e foi chamar a Mestra que, por força da santa obediência,
ordenou que eu me levantasse do chão. Imediatamente voltaram minhas forças
físicas e levantei-me do chão, toda tremendo. A Mestra percebeu logo o estado
da minha alma, falou -me da insondável misericórdia de Deus, dizendo-me: ¨Irmã,
não se perturbe seja com o que for; e ordeno-lhe isto pela virtude da
obediência.¨ E acrescentou: ¨Agora reconheço que Deus esta destinando a Irmã
para um alto grau de santidade. O senhor quer ter a Irmã perto de Si, já que
permite tais provas e tão cedo. Que a irmã seja fiel a Deus, porque isto é
sinal de que deseja lhe reservar um elevado lugar no Céu." Mas eu não
compreendia nada dessas palavras. [Diário de Santa Faustina nº 102]. Jesus eu confio em Vós!
17° DIA
O respeito humano
O respeito humano é uma praga na vida cristã. É, também, uma praga para
muitos cristãos. Onde se vê Deus ofendido, Jesus ultrajado, Maria e os santos
maltratados, precisaríamos ver os cristãos corajosos e coerentes que fariam
muros de defesa e de honra à própria fé. Até se esforçam em esconder-se entre os inimigos da Fé com medo de serem descobertos
e apontados. É verdade que hoje, neste mundo corrupto, nesta sociedade
escandalosa e debochada, dominada pelo ateísmo mais animalesco que se possa
conceber, ocorre uma grande coragem para sermos coerentes. Mas não é talvez
este um motivo a mais para que os cristãos, longe de se esconderem,
apresentarem-se como testemunhas enérgicos da fé "que vence o mundo"
(Jo 5,4)? Aqueles que se envergonham, que têm medo de aparecer como verdadeiros
cristãos, têm mais roupas de verdadeiros traidores do que de discípulos de
Cristo. Contra eles existe a palavra terrível de Jesus: "Quem se
envergonhar de mim e das minhas palavras junto a esta geração adúltera e
pecadora, também o Filho do Homem se envergonhará dele, quando chegar na Glória
do seu Pai com os Anjos e Santos." (Mc 8,38)
Pescadores e Pescadoras
São Carlos Borromeu quis instruir
grandes escolas de Catecismo e de instrução religiosa para o povo. Precisou de
cristãos e leigos corajosos. Achou-os homens e mulheres. Dividiu-os em grupos
de 'pescadores' e 'pescadoras' e organizou os giros apostólicos pelas casas,
pelas ruas, pelos campos. Era um espetáculo de verdadeira fé, ver estes
cristãos corajosos à obra para testemunhar Jesus e anunciar o seu Evangelho
puro, sem erros. Cada cristão deveria fazer seu, com orgulho, o grito de S.
Paulo: "Não me envergonho do Evangelho" (Rm 1,16). Em qualquer lugar:
em casa ou fora, nos escritórios e nas escolas. São Gregório Magno dizia que os
verdadeiros cristãos sabem morrer, mas não transigir. E deveria chegar à
lembrança dos Mártires, sempre vivos na Igreja Celeste e Terrestre. A glória
deles confirma luminosamente a Palavra de Jesus: "Quem quiser salvar a própria
vida, a perderá; mas quem perder sua vida por minha causa e do Evangelho, a
salvará". (Mc 8,35).
Se envergonham
O que dizer de muitos cristãos, que por respeito humano, faltam até aos
deveres fundamentais? Envergonham-se de fazer o sinal-da-cruz e de recitar
qualquer oração de manhã e a noite, ou antes das refeições. Envergonham-se de
entrar numa Igreja para rezar, tecer um Rosário, saudar uma imagem sagrada nas
bancas de jornais. Envergonham-se de ir à Missa, de confessar-se, de receber a
Eucaristia. Envergonham-se de reprovar quem blasfema ou profana coisas
sagradas. Por fim, alguns chegam até a envergonhar-se de não blasfemar!!!
Envergonham-se de defender a fé dos ataques e insultos dos inimigos e se
envergonham de serem ainda considerados cristãos. Envergonham-se de chamar atenção de quem dá escândalo, que ofende a
Moral Evangélica. Envergonham-se... parece que não sabem fazer mais
nada além disso.
Quem não se envergonha
Ainda jovem, São Bernardino de Siena foi convidado uma vez por um tio
para ir à casa dele. Foi, mas encontrou lá outras pessoas que na conversa, com
facilidade, não falavam corretamente. Pronto e resoluto, o Santo disse ao tio:
"Ou estes senhores mudam o modo de falar, ou eu vou embora". O tio
advertiu os hóspedes e a linguagem não mais foi incorreta. Mas onde quer que se
achasse S. Bernardino, incutia respeito a todos. Até os seus companheiros o
sabiam bem, e se às vezes deixavam falarem qualquer discurso, não correto, só
ao vê-lo chegar, diziam entre eles: "paremos, está chegando
Bernardino". O Beato José Moscati foi um cristão cheio de luz e exercitava
uma fascinação indescritível com o testemunho de sua fé viva. Quem queria podia
vê-lo cada manhã recolhido na igreja, por duas horas de oração. Na cátedra,
antes de começar a lição, exortava aos estudantes de sempre elevar a mente ao
"Senhor, Deus das ciências" (I Sm 2,3). Não apenas soava o Ângelus,
interrompia cada discurso e até a visita médica, convidando os presentes a
recitar com ele. Que força e transparência de fé vivia n'Ele, não os mesquinhos
respeitos humanos.
Não envergonhar-se d'Ela
"Faze-me digno de te louvar, ó Virgem Santa!" Contra todo
respeito humano, contra todo medo ou covardia, devo e quero louvar Maria, que é
minha Mãe. Não só não me envergonharei dela, mas quero defendê-la e glorificá-la,
quero amá-la e fazê-la amar, onde quer que seja, com paixão filial sempre
ardente. Posso olhar todos os santos, paladinos de amor vibrante pela Mãe
celeste. Em particular, S. Maximiliano, apóstolo e vítima da Imaculada que dela
nunca se envergonhou, mas consumou-se totalmente por Ela, até o ponto de ser
considerado louco, aliás, ao ponto de chamar-se a si próprio: "o louco da
Imaculada".
Votos
- Saudar as imagens de Maria nos quiosques das ruas;
- Falar de Maria em casa e no trabalho;
- Fazer o sinal-da-cruz antes das refeições, convidando a todos.
Meditação do livro "Um mês com Maria", do
padre Stefano Maria Manelli, um franciscano da Imaculada, nascido em 1933.
Nenhum comentário:
Postar um comentário