terça-feira, 10 de novembro de 2015

As alegrias e consolações do Purgatório - parte I.

“Meu Jesus, minha força, minha paz e meu descanso, nos Vossos raios de misericórdia mergulha a minha alma todos os dias.” [Diário 697]. Jesus eu confio em Vós!

  AS ALEGRIAS E CONSOLAÇÕES DO PUGATORIO
Então há no purgatório alegrias e consolações? É possível que em meio de tanta dor, de tão horríveis suplícios como os da pena do dano e do fogo, haja ainda um raio de luz, uma alegria, uma consolação para as pobres almas?

Sim, porque o purgatório é a pátria da justiça rigorosa, mas o é também da infinita misericórdia de Deus. Já não é uma grande misericórdia Deus nos reservar um lugar de expiação além-túmulo? Purifi­car-nos misericordiosamente para nos tornarmos dig­nos de sua eterna Presença? Ó, sim, o purgatório é uma misericórdia de Nosso Senhor. E como todas as obras da divina misericórdia, há de ter a unção e a doçura da Eterna Bondade. Quanto nos apavora a Justiça divina naquelas chamas expiadoras e que terror para nossa alma saber o que nos espera depois desta vida! Todavia, console-nos a ideia de que há no purgatório consolações que excedem a todas que pos­samos ter nesta vida. É um tormento e uma felici­dade sem par. Um mistério que nos será desvenda­do mais tarde. Alguns autores insistem muito no sofrimento do purgatório e nada falam das alegrias e consolações. É mister guardar um justo equilíbrio.

Nem transformar o purgatório num verdadeiro in­ferno, nem fazer dele o paraíso. É um lugar de expia­ção e de tormentos horríveis, não há dúvida, mas há nele a doce esperança da salvação, esperança acom­panhada da certeza absoluta de um dia chegar à pos­se de Deus na Bem-aventurança. E isto não é uma felicidade sem par? Quando São Francisco de Assis soube que era um predestinado e viu garantida por revelação do céu a sua glória, teve uma alegria tão grande, que nenhuma linguagem humana o poderia traduzir. Que não será a alegria das pobres almas na certeza de serem predestinadas?

São Francisco de Sales, cuja doutrina é um bál­samo suavizante das almas, fala das alegrias e con­solações do purgatório. Escreve o melífluo Doutor: “A maioria dos que temem o purgatório é muito mais por interesse e amor de si mesmos do que pelo inte­resse de Deus. E daí vem que falam ordinariamente só das penas daquele lugar e nunca falam da felici­dade e da paz que desfrutam as almas que lá estão. É verdade que os tormentos são extremos, e as maio­res e mais terríveis dores desta vida não se podem comparar a eles, mas também as satisfações interio­res são tais e tantas, que nenhuma prosperidade nem alegria da terra existem que a elas se possam igualar. Si é uma espécie de inferno quanto à dor, é um pa­raíso quanto à doçura que a caridade difunde no co­ração. Caridade mais forte do que a morte e mais poderosa do que o inferno. Feliz estado mais dese­jável que temível, pois suas chamas são chamas de amor e de caridade. Terríveis penas, sim, pois elas retardam a hora da visão de Deus, e de amar a Deus e louvá-lo e glorificá-lo por toda eternidade”.

Eis aí o tormento e a alegria das almas do pur­gatório.
São Francisco de Sales e o purgatório
Continuemos a doutrina consoladora do grande Doutor da Igreja sobre as alegrias do purgatório. Não quer ele que se insista apenas no tormento da­quele lugar de expiação, mas que se procure dar às almas uma ideia também consoladora do purgatório.
Do que lemos nas obras do Santo podemos coligir dez pontos principais:

1.° — “As almas do purgatório estão numa con­tínua união com Deus e perfeitamente submissas à vontade de Deus. Não podem deixar esta união divi­na e nunca podem contradizer a divina vontade, como nós neste mundo.
2.° — Elas se purificam com muito amor e com toda boa vontade, porque sabem que é isto da vonta­de de Deus. Sofrer para fazer a vontade de Deus é uma alegria para elas.
3° — Elas querem ficar na maneira que Deus quer e quanto tempo Ele quiser.
4° — São impecáveis e não podem experimentar nem o mais leve movimento de impaciência nem co­meter uma imperfeição sequer.
5° — Amam a Deus mais do que a si próprias, e mais do que todas as coisas, e com um amor muito puro e desinteressado.
6° — São consoladas pelos Anjos.
7° — Estão seguras da sua salvação e com uma segurança que não pode ser confundida.
8° — As amarguras que experimentam são mui­to grandes, mas numa paz profunda e perfeita.
9° — Se pelo que padecem estão como numa espécie de inferno, quanto a dor, é um paraíso de doçura quanto a caridade mais forte do que a morte.
10° — Feliz estado, mais desejável que temí­vel, pois estas chamas do purgatório são chamas do Amor!”.
Fonte:http://padresanto.com.br

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