"Ó Maria,
minha doce Mãe, Entrego-Te toda minha alma, meu corpo e meu pobre coração, Seja
a guardiã da minha vida, especialmente na hora da morte, na última luta.” [Diário
161]. Jesus, Maria, salvai as almas!
Um dia, escreve Santa Brígida nas suas Revelações,
disse-me a Virgem Santíssima:
— “Eu sou a Rainha do céu, eu sou a Mãe de
misericórdia, e o caminho por onde voltam os pecadores a Deus. Não há pena no
purgatório que não se alivie e que por mim não se torne menor do que si o fora
sem mim”.
Outra vez a Santa ouviu Jesus dizer à sua Mãe: “Tu és minha Mãe, és a Rainha do
céu, és a Mãe de misericórdia, és o consolo dos que estão no purgatório e a
esperança dos pecadores na terra”.
A providencia maternal de Nossa Senhora se estende sobre seus filhos na terra
e no purgatório. Ela nos socorre e ajuda até depois da morte nas chamas
expiadoras. É uma verdade de fé que as almas do purgatório podem ser não só
aliviadas em seus padecimentos, mas até libertadas das chamas expiadoras pelas
orações, satisfações e boas obras, e pelo Santo Sacrifício da Missa, enfim,
pelos sufrágios dos vivos.
Segundo Santo Tomás de Aquino, duas coisas
concorrem para que o sufrágio dos vivos aproveitem aos mortos: a caridade que
une a todos, e a intenção que tem eles de socorrer os mortos. Quanto ao primeiro,
nenhum meio existe maior de um vínculo de caridade que o Santo Sacrifício da
Missa, o Sacramento que é o vínculo dos fiéis da Igreja. Quanto à outra, a
oração, tem a vantagem de levar nossa intenção diretamente a Deus quando se
invoca a Divina Misericórdia.
Ora, quem pode negar que os Santos do céu já purificados,
possuam a caridade em estado de perfeição na glória e a intenção reta de
ajudar às benditas almas sofredoras? Quem melhor do que eles conhece o
sofrimento daquelas almas? Não há dúvida, os Santos na glória podem e socorrem
as almas do purgatório. Quanto mais a Rainha dos Santos!
Pois se Maria tem todo poder no céu e na terra, se é Mãe dos remidos, Mãe de Deus, não há de poder socorrer como e quando queira os seus filhos da Igreja padecente?
Sim, não há teólogo seguro que o conteste, e a
tradição de tantos séculos confirma esta consoladora verdade: Maria socorre
seus fiéis servos depois da morte. Estende até o purgatório seu manto protetor
de Mãe e Refúgio dos pecadores.
Como socorre Maria as almas sofredoras?
Há muitas maneiras do poder misericordioso de Maria
socorrer às benditas almas padecentes. O primeiro meio e mais frequente, diz o
Pe. Terrien, S. J. é o pensamento e a vontade que inspira aos fiéis ainda vivos neste mundo, de
orar, sofrer e trabalhar pela libertação das pobres almas. Quantos devotos de
Nossa Senhora não sentem de repente uma inspiração, um desejo de sufragar os
seus mortos queridos ou o desejo de trabalharem pelo sufrágio do purgatório! É
a Mãe bendita quem inspira estes bons desejos e resoluções. Não tem Ela nas
mãos os corações de seus filhos? Um dia um santo Irmão coadjutor da Companhia
de Jesus orava fervorosamente diante de uma imagem da Virgem Imaculada. Enquanto
rezava, veio-lhe um certo escrúpulo do pouco zelo que tinha em orar e sufragar as
almas do purgatório. Uma voz misteriosa lhe disse, então:
— “Meu filho, meu filho, lembra-te dos defuntos!
—Sim, minha Mãe, o farei doravante, respondeu o
piedoso Irmão. E desde aquele dia se entregou às boas obras e sacrifícios e
orações pelas almas.
Quantas vezes Nossa Senhora em tantas revelações particulares pediu orações pelos mortos! Ainda em Fátima recomenda aos
Pastorinhos a jaculatória: "Meu Jesus, perdoai-nos, livrai-nos do fogo do inferno,
aliviai as almas do purgatório, especialmente as mais abandonadas!”.
Maria,
pois, ajuda os fiéis do purgatório inspirando sufrágios aos seus filhos da
terra e depois, oferecendo por estas almas cativas, não as satisfações atuais,
pois no céu não há sofrimento nem expiação, mas o que Ela padeceu e mereceu
neste mundo. Haverá maior tesouro depois dos méritos de Cristo que os méritos
de Maria?
Maria Santíssima, pois, por estes dois meios pode
e realmente socorre as almas. A Igreja, na sua liturgia, confirma esta piedosa
crença e esta verdade consoladora quando assim ora na Missa dos Defuntos: “Ó
Deus que perdoais aos pecadores e desejais a salvação dos homens, imploramos a
vossa clemência por intercessão da Bem-aventurada Maria sempre Virgem, e de
todos os Santos em favor de nossos irmãos, parentes e benfeitores que saíram
deste mundo, a fim de que alcancem a bem-aventurança eterna”.
Por terem as almas maior precisão de socorro,
escreve Santo Afonso de Ligório, empenha-se a Mãe de Misericórdia com seio
ainda mais intenso em auxiliá-las. Elas muito padecem e nada podem fazer por
si mesmas. Diz São Bernardino que Maria desce ao cárcere do purgatório onde tem
certo domínio e poder para aliviar e libertar estas esposas de Jesus Cristo.
Trás alívio às almas. Aplica-lhes o Santo esta palavra do Eclesiástico: Caminho
por sobre as ondas do mar.
Compara as ondas às penas da purgatório, porque são transitórias, e por isso
diferentes das do inferno, que nunca passam. Chama-as ondas do mar porque são
penas muito amargas. Os devotos da Virgem, aflitos com estas penas, são por
Ela visitados e socorridos frequentemente. Eis, pois como socorre Maria as
almas do purgatório.
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