quinta-feira, 12 de novembro de 2015

O Purgatório e as almas consagradas a Deus.

“Ó Jesus, vejo tanta beleza espalhada à minha volta, pela qual incessantemente Vos rendo graças.” [Diário 1284]. Jesus eu confio em Vós!
“Ó minha alma, louva ao Senhor. Louvarei ao Senhor durante a minha vida; cantarei louvores ao meu Deus enquanto eu for vivo.” Salmo 146,1
“Graças e louvores sejam dados a todo o momento, ao Santíssimo e Divinissimo Sacramento.”


O PURGATÓRIO E AS ALMAS CONSAGRADAS A DEUS

Maior responsabilidade

Sim, todos os que se consagraram ao serviço de Nosso Senhor assumiram tremendas responsabilidades com a consagração ou os votos que fizeram. Receberam mais luzes e graças do que os simples fiéis. Foram privilegiados pela vocação, que os colocou num plano superior. Muitas graças e privilégios, sim, porém muitas e tremendas responsabilidades. Hão de dar contas mais severas a Nosso Senhor.

Que zelo não devem ter para conservarem a pureza de consciência e evitarem todo pecado, ainda o mais leve!

Santa Francisca Romana, cujas visões do purgatório são bem conhecidas, dizia ter visto no fundo do abismo as almas consagradas a Deus, e que padeciam no purgatório e abaixo, muito abaixo dos leigos. As penas, dizia ela, eram proporcionadas à dignidade e à posição que ocupavam na Igreja.

As visões de Santa Francisca são confirmadas por muitas outras idênticas de outros santos e almas eleitas, que sempre atestam o rigor com que a divina Justiça pune no purgatório as faltas e imperfeições dos seus eleitos.

Que isto cause impressão nas almas consagradas e se lembrem que sofrimento estão preparando para depois da morte quando levam vida de tibieza e não se esforçam por corrigir defeitos que talvez julguem sem importância! Tremam os Superiores! Tremam os Prelados! Que escusa podem achar diante do Senhor o grande Juiz dos vivos e dos mortos quem recebeu com a teologia e com a ciência sagrada tantas luzes sobre a vida espiritual e viveu inundado num oceano de graças e de misericórdia? E as almas que foram entregues aos pastores e das quais hão de prestar contas ao Senhor? Compreende-se porque os Santos fugiam das prelaturas e dignidades, porque tremiam diante de uma mitra ou de um báculo pastoral.

É preciso ser muito fiel à vocação e cumprir a missão confiada com muita perfeição. A Madre Francisca do Santíssimo Sacramento, uma santa religiosa carmelita de Pampeluna, teve 220 aparições de almas do purgatório. Entre estas almas viu dois Papas, Cardeais, Arcebispos e Bispos, Cônegos e Padres e muitos religiosos e religiosas. Nestas revelações, os dignitários eclesiásticos lamentavam dolorosa e terrivelmente terem desejado e procurado dignidades na Igreja. E muitos sofriam por negligências no serviço de Deus. — Ó Francisca, gemia uma alma sacerdotal, um Bispo! Um Bispo! Meu Deus! Antes eu nunca o tivesse sido... Que responsabilidade! Outra se lamentava: “Os homens pensam que basta ser padre. É um estado que exige uma grande pureza de vida! Francisca, eu apenas me salvei!” (Le Purgatoire — Louvet).

Devemos rezar com muito fervor e oferecer mais sufrágios pelas almas consagradas a Deus. Elas darão contas mais severas a Nosso Senhor e terão um purgatório mais longo e doloroso. Não canonizemos muito depressa sacerdotes e religiosos logo após a morte. O purgatório das almas consagradas a Deus é terrível, dizia uma vidente. Por quê? Porque tiveram mais facilidade e muitos meios para evitar e abreviar o seu purgatório, e não os souberam aproveitar.

Quem mais recebeu...

Quem de Deus recebeu mais graças, há de dar contas das graças com mais rigor. Os ignorantes, os simples, os que não receberam tantos favores e privilégios do céu, naturalmente terão que dar a Deus menos contas dos seus pecados e serão julgados com menos severidade. Que não será o juízo de um sacerdote, de uma religiosa, almas estas cercadas de luzes e enriquecidas de uma multidão de graças?! Eis porque mais terrível há de ser o purgatório dos sacerdotes e das almas consagradas a Deus, bem como das pessoas que possuem mais conhecimento e receberam mais graças de Nosso Senhor nesta vida. Não nos lembramos da parábola dos talentos? Santa Francisca Romana teve muitas visões admiráveis, e Nosso Senhor a fez descer em espírito ao purgatório.

Viu ela sacerdotes e religiosas muito abaixo dos leigos, em sofrimentos horríveis e padecendo muito mais do que leigos que haviam cometido faltas bem graves e alcançaram o perdão na hora da morte. Foi revelado à Santa que padeciam mais porque neste mundo receberam muito mais graças, ocupava um lugar muito alto no sacerdócio e a consagração ao serviço de Deus.

— Minha filha, dizia uma alma do purgatório a uma religiosa, segundo conta Mons. Louvet, minha filha, seja bem santa, porque o purgatório dos sacerdotes e das religiosas é terrível!

No dia primeiro do ano, Santa Margarida Maria rezava por três pessoas recentemente falecidas. Duas religiosas e um secular. Nosso Senhor lhe apresentou as três almas, dizendo-lhe: Qual das três queres salvar primeiro, filha?

— Senhor, escolhei Vós mesmo, segundo o que for para vossa maior glória.

Então Nosso Senhor escolheu a pessoa secular, dizendo que as religiosas tiveram nesta vida muito mais graças e meios para expiar os pecados pela observância da Regra, e que o secular não havia recebido tantos privilégios e favores...

Os ignorantes, os pobrezinhos, os humildes cheios de boa vontade e que não receberam de Deus tantas graças e meios de se santificar como as almas consagradas a Deus, terão naturalmente muita escusa no Tribunal divino e bem aliviado lhes será o purgatório pela divina misericórdia.

Os religiosos meditem como em diversas aparições particulares Nosso Senhor revela quanto pune na outra vida a falta de observância da Santa Regra e como esta Santa Regra facilita a expiação da pena temporal neste mundo e abrevia, senão livra a alma consagrada do purgatório.

A observância regular é um meio poderoso de santificação, uma grande penitência que enche a alma de méritos. Por um pouco de sacrifício de quantas penas não se livram na outra vida os religiosos fiéis à santa Regra. E como devem tremer as almas consagradas ao pensarem nas contas mais rigorosas que hão de dar a Deus pelo número tão grande de graças escolhidas que receberam e às quais talvez não tenham correspondido.
Fonte:www.padresanto.com.br

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