“Com a
confiança de uma criança entrego-me hoje a Vós, Senhor Jesus e meu Mestre.” [Diário 228]. Jesus eu confio em Vós!
AS ALEGRIAS E CONSOLAÇÕES DO PURGATÓRIO
Quem
pode entender e penetrar este mistério de dor e de alegria, que é o purgatório?
Os Santos nos poderiam dar uma idéia do que sofrem e do que gozam as almas do
purgatório, quando Deus os faz experimentar aqui neste mundo tanto martírio
nas provações daquelas noites de que nos fala São João da Cruz, nas quais o
Senhor prova, aniquila os seus eleitos na terra, e ao mesmo tempo os enche de
uma paz inalterável e de consolações inefáveis em meio de trevas e de
angústias. Mistério profundo, só os que experimentaram este doloroso e feliz
estado de alma neste mundo podem dizer algo do que se passa no purgatório! Que
alegria não experimenta o pobre náufrago quando depois de se debater entre as
ondas se vê de repente salvo e livre de todo perigo! É a felicidade, a alegria
das santas almas quando, após esta vida e depois de haverem passado o tremendo
Juízo, vêem que estão salvas da condenação eterna, embora tenham de padecer
muito naquelas chamas, naquele martírio, por mais prolongado que seja. Estão
salvas! Ó! Como cantam elas um hino de ação de graças à infinita misericórdia!
As
consolações do purgatório
Recorramos
ainda ao testemunho da teóloga do purgatório, como foi chamada Santa Catarina
de Genova. A doutrina desta Santa, ou melhor, as suas revelações no Tratado
do purgatório, escreveu o Cardeal Perraud, são de uma psicologia sobrenatural
tão alta o tão forte, que unem as mais altas considerações da filosofia e da teologia,
aos pensamentos mais próprios para fortificar e consolar os que choram os seus
entes queridos. Eu não creio, escreve a Santa, que depois da soberana
felicidade que gozam na glória os Santos, haja uma felicidade igual à que gozam
as almas do purgatório. O que é notável é que esta felicidade vai crescendo
cada vez mais à medida que desaparecem as manchas do pecado. E faz esta
comparação: “Quando um corpo está escondido ao sol porque um outro corpo
intercepta a luz solar, não pode receber a luz e permanece nas trevas. Todavia,
si este corpo que impede a passagem dos raios solares for se consumindo e
desaparecendo, o sol logo há de banhar de luz todo o corpo que estava antes nas
trevas. Este corpo que impede a luz do sol é a mancha do pecado, o resto que
fica a pagar à divina Justiça na outra vida e que impede a alma de receber a
luz da glória, a Luz divina. As chamas do purgatório vão destruindo este corpo
que impede a luz até que desapareça e brilhe a Luz eterna. Assim a alegria das
almas vai crescendo à medida que as manchas que ficaram vão desaparecendo. E
elas se sentem muito felizes em sofrer para se purificarem. Estas almas tem
uma perfeita resignação à vontade de Deus. As almas do purgatório jamais haviam
de querer a presença de Deus, quando ainda não purificadas. Elas prefeririam
sofrer dez purgatórios a se apresentarem manchadas diante do Senhor. Eis porque
se purificam e sofrem com alegria.
O
Padre Faber diz com razão: “Se o sofrimento suportado com doçura e resignação é
um espetáculo tão venerável na terra, que não há de ser naquela região da
Igreja o purgatório? Ó, que pureza se encontra neste culto, na Liturgia do
sofrimento santificado! Ó mundo! lugar de tanto barulho, de tédio e de pecado,
quem não desejaria escapar de tuas perigosas fatigas e de tua perigosa e
triste peregrinação para voar alegremente para a mais humilde região, tão pura,
tão santa e tão garantida, onde reinam o sofrimento e o amor sem mancha, o
purgatório?”.
Apesar
disto, não deixemos de temer o purgatório e procuremos evitá-lo por uma boa
penitência e por toda espécie de boas obras. Os sofrimentos não deixam de ser
terríveis!
O
Beato Henrique Suzo, abrasado no amor de Deus, começou a não temer o purgatório
e a não dar importância aos seus sofrimentos e penas. Nosso Senhor lhe
apareceu e admoestou, dizendo que isto lhe desagradava porque era não temer nem
dar importância aos juízos de Deus! Devemos não nos desesperar nem
aterrorizarmos nossa alma com o purgatório, mas havemos de imaginar que si há
muitas consolações, é terrível também este purgatório.
Fonte:http://padresanto.com.br
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