terça-feira, 17 de novembro de 2015

Penitência pelos mortos.

“O que se faz por amor não é pequeno, ó meu Jesus, visto que o Vosso olhar tudo vê.” [Diário 1310]. Jesus eu confio em Vós!
PENITÊNCIA PELOS MORTOS
Um meio de socorrer as almas
Somos obrigados a fazer penitência se quisermos salvar nossa alma. Só há dois caminhos para en­trar no Céu: o da inocência e o da penitência.
Nosso Senhor dos adverte: - “Se não fizerdes penitência, to­dos vós igualmente perecereis”. Ora, a penitência, além de nos ser necessária, é muito meritória, e a podemos aplicar em sufrágio das pobres almas do Purgatório. Tiraremos duplo proveito: nossa san­tificação e o alívio das almas sofredoras.
O sofrimento junto com a prece tem uma eficá­cia extraordinária para alcançar de Deus todas as graças. Outrora, vemos na Escritura, quando os Pro­fetas e o povo de Deus desejavam obter do Céu mise­ricórdia ou graças, entregavam-se aos jejuns, cilícios e austeridades. Nossa penitência aqui é muito meritória. Soframos pelos mortos!
“Aliviemos as almas do Purgatório, diz São João Crisóstomo, aliviemo-las por tudo o que nos penali­za, porque Deus tem cuidado em aplicar aos mortos os méritos dos vivos”.
Escreve Berlioux: “O sofri­mento é a grande satisfação que o Senhor pede aos devedores da Justiça. Logo, soframos pelos nossos mortos, a fim de que eles sofram menos. Oh! Se ti­véssemos uma fé mais viva, uma caridade mais arden­te, que mortificações nos imporíamos a nós mesmos para libertar nossos parentes e amigos do Purgatório, eles que tanto nos amaram, que sofreram talvez por nós, e estão agora sofrendo de uma maneira tão hor­rível!
Já que não somos capazes de tamanhas peni­tências como os santos, tenhamos generosidade para alguns pequenos sacrifícios. O sacrifício de um pra­zer, de uma afeição perigosa, de uma leitura má, de uma vaidade, etc”. 
“Escolhei a melhor vítima, acon­selha o Pe. Felix, S.J., escolhei-a, sobretudo, no fun­do de vosso coração”. 
“Por aqueles que amais, sacri­ficai o que tendes de mais caro. Sacrificai-vos a vós mesmos, e que o preço do sacrifício pessoal se torne o resgate do sofrimento”. 
“Ah! vejo, acrescenta o Pa­dre Berlioux, vejo essas almas felizes elevarem-se para o Céu, nas asas de nossos sacrifícios, de nossas austeridades e sofrimentos!”.
Que objeto de consolação e de esperança! Ó, meu Deus! Ó, Jesus Crucificado, fazei-nos compreender o valor do sofrimento!
Aceitação da cruz pelas almas
A ideia da penitência dos Santos e das grandes austeridades nos assusta, mas não podemos ofere­cer a Nosso Senhor a cruz de cada dia pelos nossos mortos? Quem não tem a sua cruz?
O sofrimento é fecundo e vai frutificar além das fronteiras da vida, vai aliviar as chamas do Purga­tório. Nesta vida faz tanto bem e repercute tanto nas almas! Pois devemos crer que também na outra vida o sofrimento salva e resgata a dívida das pobres al­mas da Igreja padecente.
Ouvi esta página de uma grande alma: “O sofrimento, escreve a admirável Elizabeth Leseur, o sofrimento atua de um modo im­petuoso em nós, primeiro, por uma espécie de renovamento íntimo, em outros também, talvez muito lon­ge e sem que saibamos neste mundo o trabalho que fa­zemos por eles. O sofrimento é um ato. Cristo fez mais na Cruz pela humanidade do que falando e trabalhan­do na Galileia ou em Jerusalém. O sofrimento faz a vida: ele transforma tudo o que toca e tudo o que atinge”.
“O sofrimento é um ato”. Que fórmula impres­sionante! Convém guardá-la. Trabalha quem sofre bem. Pode salvar almas como o apóstolo da palavra, como o sacerdote missionário mais ativo e ardente. A grande missionária dos últimos tempos, o Anjo do Carmelo de Lisieux, pôde dizer e experimentou o va­lor do sofrimento pela salvação das almas. “Pelo so­frimento e a perseguição, disse ela, muito mais que por brilhantes pregações, Deus quer firmar o Seu Reino nas almas. Nossos sacrifícios, nossos esforços e os mais obscuros de nossos atos não estão perdidos, é minha opinião absoluta: todos têm repercussão lon­gínqua e profunda”.
Sim, o sofrimento tem uma repercussão tão lon­gínqua e profunda que vai até o Purgatório, vai ali­viar os tormentos das pobres almas, vai ajudá-las a pagar a dívida que contraíram com a Justiça Divina, vai abrir-lhes as portas do Céu! Há em família tan­tas cruzes cotidianas, doenças, aborrecimentos, re­vezes, tanta coisa que nos vai crucificando todo dia! Por que não aproveitar tudo isto pelas almas? Ó, meu Deus, digamos na hora da dor, seja tudo por vosso amor e para o alívio das pobres almas! Se não temos coragem para grandes penitências, pelo menos acei­temos a de cada dia pelo Purgatório.
Vítimas pelas almas
Há muitas almas generosas que chegam ao he­roísmo de se oferecerem como vítimas pelas almas do Purgatório. É um ato heroico e um meio extraor­dinário que não podemos aconselhar a todos, mas que só algumas almas generosas com aprovação do con­fessor e em circunstâncias especiais o poderiam fazer.
Pertencemos à família cristã, somos membros de Cristo, somos um com Cristo e em Cristo. Ele é a ca­beça e somos os membros. Ora, em uma família um irmão não pode se oferecer para pagar a dívida de outro irmão? É o que faz a alma vítima que se oferece para sofrer pelas almas do Purgatório.
Temos tocantes exemplos desta oferta generosa entre os Santos.
Quando Santa Catarina de Sena per­deu o pai, que era um homem de uma piedade edifi­cante, pediu a Nosso Senhor que o levasse logo, sem demora, para o Céu e que ela se oferecia para sofrer tudo quanto tivesse ele de padecer no Purgatório. __“Enviai-me, Senhor, os sofrimentos que deveria pa­decer meu pai; eu os suportarei por ele!” Este ato generoso e heroico obteve o Céu para Giacomo — con­ta Joergensen. Todos soluçavam na morte do velho e uma alegria imensa invadia a alma da Santa. Ela mesma colocou no caixão o corpo do pai e, incli­nada sobre aquela face pálida, murmurava: __“Ó, se eu pudesse estar agora onde estás!”.
Um sofrimento horrível invadiu a alma de Santa Catarina de Sena. Era uma dor terrível, acompa­nhada de uma doce paz. Compreendeu ela que seria a dor das almas do Purgatório.
Outro exemplo de vítima pelas almas nos deu esta Santinha ainda há pouco canonizada, Santa Ge­ma Galgani. Ofereceu-se pela conversão dos peca­dores e pelas almas do Purgatório. Um dia, diz ela, sofri durante duas horas em favor de uma alma do Purgatório. Tinha a cabeça dolorida, que o menor movimento me era insuportável. Era terrível! Gema soube que uma religiosa Passionista do Mosteiro de Corneto estava para morrer. Ela pediu a Nosso Se­nhor que desejaria pagar a dívida da Divina Justiça por aquela alma, a fim de que entrasse logo no Céu. O Senhor ouviu-a. A Irmã faleceu e pouco depois apareceu a Gema, dizendo estar sofrendo muito no Purgatório. A Santa não teve sossego. Fez toda sorte de penitência e clamava: __Jesus, salvai-a! Jesus, mandai logo para o Céu nossa Irmã!
Durante dezesseis dias consecutivos os sofri­mentos de Gema foram incríveis. Finalmente, che­gou a hora da libertação. A Irmãzinha aparece a Ge­ma, livre do Purgatório: __Sou feliz, vou para meu Je­sus para sempre! Agradeceu e partiu para o Céu.
Contam-se inúmeros fatos de penitências extraordinárias dos Santos pela libertação das almas do Purgatório.
São Nicolau de Tolentino, o Anjo do Purgatório, jejuava e tomava sangrentas disciplinas pelo Purgatório.
Santa Margarida Maria fazia o mes­mo com uma grande generosidade e heroísmo. Que disciplinas sangrentas e que sofrimentos pelas almas!
Oferecer algum sacrifício pelas pobres almas, pelos nossos defuntos queridos é salutar.
Do Livro " Tenhamos compaixão das pobres almas " Mons. Ascânio Brandão

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